Serviços ganham força nos Estados Unidos e desembarcam no Brasil. Professores e alunos podem fazer quase tudo ali, desde que seja educativo
Seus usuários trocam mensagens, compartilham fotos e comentam atividades recentes. Até parece o Facebook, mas não é. Nesse território, os usuários têm um único assunto: educação. São as chamadas redes sociais educativas. Elas funcionam como uma rede social virtual, mas são mais seguras – o que agrada professores e escolas – e tornam o aprendizado mais interessante para a geração que já nasceu conectada à internet. Além disso, permitem aos pais dar uma espiadinha na rotina escolar dos filhos. "Queremos tornar a escola mais colaborativa, divertida e social", diz Shivanu Shukla, fundador da Teamie, uma rede nascida em Singapura que já mira o mercado brasileiro.
Por enquanto, uma das poucas redes internacionais que disponibilizam conteúdo em português é a Edmodo, sucesso nos Estados Unidos. Nascida em 2008 no Vale do Silício, na Califórnia, já recebeu 47,5 milhões de dólares em investimento (25 milhões no último mês) e soma hoje mais de 9,8 milhões de usuários espalhados por quase 100.000 instituições de ensino. O número representa apenas a centésima parcela de usuários do Facebook, mas é considerado um feito e tanto em matéria de ambientes dedicados exclusivamente ao ensino. Conta Jeff O'Hara, um dos fundadores da plataforma: "A ideia surgiu enquanto eu trabalhava na área de TI de uma secretaria de educação. Vi que muitas redes sociais e sites de vídeo eram bloqueados, e comecei a pensar em alternativas. Percebi que a educação precisava de um espaço só seu."
O funcionamento da Edmodo, da Teamie e dos demais serviços nascentes é bastante parecido. Em geral, o professor se inscreve na plataforma – que pode ser gratuita ou paga, dependendo da empresa desenvolvedora e dos recursos oferecidos –, cria comunidades para os cursos que ministra em determinada instituição de ensino e, em seguida, "adiciona" seus alunos, franqueando o acesso deles à rede. A partir daí, em um ambiente restrito, é possível compartilhar mensagens, material didático, textos e livros e também criar fóruns de discussão. Tudo isso é exibido em uma espécie de linha tempo, bem semelhante à do Facebook. Os estudantes podem entregar trabalhos pela ferramenta, e o professor pode atribuir as notas ali mesmo. Para os docentes, é oferecida ainda uma biblioteca virtual, onde é possível organizar livros, textos e artigos interessantes a cada disciplina. Caso um estudante use a rede para fins não educativos, os professores têm autonomia para deletar comentários impróprios ou arquivos indesejados. "Sabemos que a segurança e a privacidade são imprescindíveis nesse campo da educação", diz Nic Borg, cofundador da Edmodo. De fato, o medo de perder o controle da situação é preocupação permanente dos docentes.
A bem-sucedida experiência internacional da Edmodo entusiasmou o professor de história Rodrigo Abrantes, do Colégio Joana D'Arc, de São Paulo. Desde o início do ano letivo, ele vem integrando a rede social a seus cursos. "Fiquei empolgado com a possibilidade de intercâmbio de ideias e compartilhamento de conteúdos e experiências em um ambiente virtual especificamente escolar", conta. O trabalho tem fluido bem, principalmente nos anos finais do ensino médio. "Em uma aula de atualidades, por exemplo, os livros didáticos ficam defasados rapidamente. Com a ajuda da internet, fica mais fácil compartilhar material complementar com os alunos." Entre as ferramentas que fazem mais sucesso nas aulas de Abrantes está o quiz, aquele jogo de perguntas e respostas. Se um ponto da matéria não foi bem assimilado pelos estudantes, o professor cria testes on-line que ajudam a fixar o conteúdo e, de quebra, treinar para o vestibular. "Não digo que eles me pedem para passar dever de casa, mas eles se empolgam mais em responder questões na internet do que no papel."
Conheça as 6 redes sociais voltada a educação
Fonte: Veja
Postado por: Gracielle Torres